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Este
pássaro de aparência discreta, mas cuja eficiência se processa de outra
forma. Sem ele, muitas espécies praticamente não existiriam em cativeiro
e por uma razão muito especial: ele é doído por sua prole. E não apenas
pelos seus filhotes, mas também pelos de outros pássaros da mesma
família, que ele cria sem o menor preconceito. Foramesses dotes de "pai
adoptivo" que lhe valeram a consideração dos criadores não apenas no
Brasil, como em todo do mundo.
Afinal,
Bengalin
é pai e mãe para toda hora. Originário da Ásia, este pássaro é membro da
família dos Estrildinos e, ao contrário de muitas aves, surgiu graças à
intervenção do homem. O Bengalin
é resultado
de uma selecção de criadores japoneses a partir da espécie silvestre
Lonchura striata - raríssima hoje em dia.
Com
aproximadamente 11cm de tamanho, ele habitava as regiões da Índia, China
Meridional, Taiwan, sendo encontrado desde o Sul até Sumatra. Através da
seleção, o Lonchura striata ganhou sua variedade doméstica, o
Bengalin.
O nome brasileiro deriva de designação francesa, Moineau du Japon
(Pardal do Japão), mas há quem o conheça também por Capuchino do Japão.
Na Inglaterra, o nome é Bengalese. Seja qual for a denominação, porém, o
indivíduo em questão é o mesmo: um passarinho com ares humildes e
coloração discreta, que vai do preto ao branco, passando pelo marrom e
canela. As cores podem mesclar-se em formar um padrão uniforme ou
absoluto; portanto, existem Bengalins
totalmente brancos, como outros branco e canela e até tricolores.
Em ninho de Bengalin
sempre há
lugar para filhotes - seus e de outros pássaros da família dos
Estrildinos. Diamante Gold, Diamante Sparrow e Bavette, por exemplo, são
espécies que por uma razão ou outra acabam não se reproduzindo em
cativeiro. Quando muito, a maioria chega a botar ovos que estariam
perdidos, não fosse a eficiência do nosso amigo. Amigável, o
Bengalin
deixa bem
claro que a coisa mais importante em sua vida é a reprodução. É uma
espécie terrivelmente prolífera, bem no estilo "família de coelho ou
rato", que procria o ano inteiro - fazendo uma pausa apenas na época de
muda de penas, que ocorre em geral no período de fevereiro a maio. Essa
é uma das razões pelas quais os criadores de aves exóticas não abrem mão
de seus Bengalins,
tão importantes na hora de cumprir o ciclo da reprodução. Para começar a
criação, o primeiro passo é separar os casais. Como o
Bengalin
não
apresenta dimorfismo sexual (diferenças físicas entre macho e fêmea), o
ideal é deixar vários exemplares adultos ( com 4 ou 5 meses) juntos
em uma gaiola comunitária.
O primeiro que começar a cantar, emitindo um trinado curto -
algo como tch-thc-tch abrindo levemente as asas e eriçando as penas da
garganta e peito, provavelmente é um macho e deve ser posto numa gaiola
à parte. Para diferenciá-lo, o criador pode usar um anel de metal preso
a uma das patas ou identificá-lo pelas marcações coloridas. A partir
daí, introduza um a um os outros exemplares, deixando que se ambientem
por uns 20 minutos ou meia hora. Os que começarem a cantar, a exemplo do
macho separado, também são machos. Os que permanecerem quietos são as
fêmeas. O método, infelizmente, não é cem por cento garantido, pois o
Bengalin
pode parear
homossexualmente: dois machos chegam a construir um ninho e chocar os
ovos de outros pássaros que forem colocados lá.
Alguns
criadores afirmam que não é raro vários casais resolvem dormir num mesmo
ninho (devido a sua queda por viver em bandos), podendo escolher um onde
já existem filhotes. Nesse caso, ainda que involuntariamente, podem
acabar sufocando a ninhada ou quebrando ovos. Para evitar isso,
aconselha-se colocar dois ou três casais deBengalin
junto a
outros casais de espécies diferentes, controlando assim sua população. É
bom lembrar que essa prática também pode ocorrer em outro problema:
sendo uma ave com tanta facilidade para cruzar, pode acontecer de um
Bengalin
acasalar-se
com um membro de espécie diferente, gerando filhotes híbridos. Isso
aconteceria, por exemplo, com um Diamante Sparrow, gerando "pimpolhos"
até muito bonitos.
Extremamente adaptável ao cativeiro, o
Bengalin
procria até
em gaiolas pequenas (40 x30 x 30 cm). Basta então introduzir um ninho,
que é uma caixa de madeira (cerca de 15 x 10 x 10 cm) com um furo na
frente. Se o criador quiser, pode ajudar o feliz casal deixando à mão
pedaços de 20 a 25cm de capim barba-de-bode - com o qual eles enfeitarão
o ninho.
O
Bengalin
é um
pássaro granívoro, por isso deve ser alimentado com uma mistura de
sementes (alpiste, senha, painço), verdura (almeirão e chicória), e a
famosa farinhada de canário, especialmente na época de reprodução. Para
completar, um pote de areia ou pedra para o fornecimento de cálcio e
sais minerais para esta ave, ou então, juntar cascas de ovo de galinha,
levar ao forno (para esterilizar contra possíveis micróbios) e moer,
pondo tudo numa tigelinha dentro da gaiola.
A água do
bebedouro deve ser trocada diariamente. E como o
Bengalin
adora tomar
banho, o criador pode colocar na gaiola uma pequena banheira para que
ele possa se divertir, tendo o cuidado de trocar igualmente essa água
todos os dias. A água, nesse caso, também ajuda a manter a humidade
necessária para que os ovos choquem. Só não é bom manter a banheira com
filhotes no ninho, pois um deles pode cair e morrer afogado. Da mesma
forma, a gaiola e o poleiro devem estar bem limpos. A bandeja precisa
ser limpa com intervalos de um dia e o poleiro uma vez por semana
(colocando-se, inclusive, um pouco de querosene no corte que fica preso
à gaiola, evitando assim a proliferação de piolhos).
Feita a
separação dos casais e construído o ninho, a fêmea do
Bengalin
passa por
um período de incubação que varia de 13 a 18 dias, ao final do qual
chega a botar até 8 ovos. Ela passa a contar também com a participação
do macho para chocar os ovos. Nascendo os filhotes, convém reforçar a
alimentação com a farinhada de canário. Ao término de 45 dias em média,
os filhotes estão prontos para se alimentarem sozinhos e com isso devem
ser separados dos pais. Inicia-se todo o processo novamente, contando
desta vez com outros exemplares. Em geral, os criadores mais experientes
mantêm uma média de 5 casais de Bengalin
para cada
casal de exóticos (Diamante Gold, Diamante Sparrow, Bavette), aumentado
a probabilidade de coincidência entre os períodos de reprodução de uma
espécie e outra. O processo todo acontece da seguinte forma: coincidindo
a postura de ovos do casal de exóticos e de um dos casais de
Bengalin,
substitui-se os ovos do Bengalin
pelos da
outra espécie. Graças a seu instinto, pai e mãe
Bengalin
chocarão os
ovos alienígenas como se fossem seus, sem descuidar dos filhotes durante
todo o período de alimentação até chegarem à fase adulta.
Convém,
entretanto, dar uma chance aos pais verdadeiros de demonstrar sua
paternidade: é sempre bom esperar que o casal exótico choque seus ovos
por alguns dias, para que conserve um comportamento mais próximo da
natureza. Se isso não ocorrer, então são transferidos para o ninho dos
Bengalins, que como sempre, fazem o serviço sem exigir remuneração.
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